FUMAÇAS DE LITERATURA" NA EPISTOLOGRAFIA DE GRACILIANO RAMOS: ESTÉTICA, POLÍTICA E ESCRITA LITERÁRIA
Nome: THALITA DE OLIVEIRA SIMÕES BANHOS
Data de publicação: 08/08/2025
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| EDILSON DIAS DE MOURA | Examinador Externo |
| GASPAR LEAL PAZ | Presidente |
| WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO | Examinador Interno |
Resumo: Esta dissertação analisa a escrita epistolar de Graciliano Ramos, compreendendo suas
cartas não como documentos meramente biográficos ou testemunhais, mas como parte
constitutiva de sua obra literária. Amparada nos estudos epistolográficos de Brigitte Diaz,
Geneviève Haroche-Bouzinac e Silviano Santiago, entre outros, a pesquisa parte do
entendimento de que a carta, embora historicamente marginalizada na hierarquia dos
gêneros literários, carrega marcas de literariedade que tensionam os limites entre vida e
ficção, intimidade e estética. A análise das correspondências de Graciliano revela um
autor que não dissocia o exercício epistolar de seu rigor estilístico e de seu projeto
literário. Projeto esse que lemos, principalmente, a partir dos estudos de Antonio Candido,
Alfredo Bosi, Edilson Moura, Ieda Lebensztayn e Wilberth Salgueiro. O texto da carta
emerge, assim, como espaço de elaboração de si e do outro, da memória e da
experiência, funcionando como engrenagem da máquina literária, nos termos de Deleuze
e Guattari. A escrita epistolar, longe de ser mero suporte comunicacional, torna-se palco
de experimentação estética, de construção de imagens, de resistência ao esquecimento
e de manutenção dos vínculos afetivos à distância. A partir da leitura de suas cartas,
evidencia-se que Graciliano mobiliza a linguagem epistolar como extensão de sua ética
e estética literárias, reafirmando a indissociabilidade entre vida, obra e escrita. Ao fazê-
lo, alinha-se a uma tradição de escritores para quem a carta é também uma forma de
literatura, uma prática que transcende o utilitário para se configurar como espaço de
reflexão, elaboração e permanência.
