O PAPEL DA LEITURA EXTENSIVA NO ENSINO DE LÍNGUA LATINA NO BRASIL
Nome: RAFAEL TRINDADE DOS SANTOS
Data de publicação: 28/06/2024
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| FÁBIO DA SILVA FORTES | Examinador Externo |
| GUILHERME HORST DUQUE | Examinador Externo |
| MARIA AMELIA DALVI SALGUEIRO | Presidente |
| MARIHÁ BARBOSA E CASTRO | Examinador Externo |
| VIVIAN GREGORES CARNEIRO LEÃO SIMÕES | Examinador Externo |
Resumo: Nesta tese discutimos a necessidade e as possibilidades de inserção de leitura extensiva no contexto brasileiro de ensino de latim. Entendemos a leitura extensiva como um instrumento de grande valia para professores e alunos, versátil e adaptável a diferentes métodos e objetivos em contextos diversos. Assumimos a importância deste tipo de leitura a partir de um exame dos estudos em aquisição de segunda língua (second language acquisition studies — SLA), que têm produzido evidência em favor da hipótese de que uma língua é adquirida através da exposição a input compreensível. Tal hipótese é defendida em versões mais fortes, segundo as quais a aquisição ocorreria exclusivamente através deste processo, ou mais fracas, admitindo que outros processos também comporiam a aquisição linguística; em nossa pesquisa concluímos que a exposição a input se mantém importante a despeito das principais discordâncias entre os estudiosos de SLA acerca da exclusividade ou complementaridade de seu papel. No caso das línguas clássicas, a leitura é a principal forma de input, e o objetivo maior dos alunos interessados em proficiência. A maior dificuldade, no entanto, reside naturalmente no exíguo espaço de tempo oferecido pelas disciplinas de graduação, situação em que a maior parte do ensino de latim ocorre no Brasil. Interessamo-nos em investigar o que
pode ser feito nesta direção, considerando o contexto brasileiro, seu histórico, os interesses dos professores e alunos envolvidos, suas estratégias diante das dificuldades e variedade de cenários nas universidades em que se situam. Por isso, consultamos a
história do ensino de latim no Brasil e sua relação com as políticas públicas educacionais, para avaliarmos, com mais propriedade, a situação atual deste ensino nas universidades brasileiras. Por fim, ao sugerir a leitura extensiva como instrumento pedagógico para o desenvolvimento de fluência em língua latina no Brasil, propomos formas de leitura extensiva que se atentem a dois principais obstáculos: a falta de tempo e a formação de uma biblioteca vasta o suficiente e interessante o suficiente aos alunos. Concluímos que, para o desenvolvimento de fluência em latim no Brasil, é necessário formar vínculos extraclasse, em grupos de pesquisa ou extensão, e de bibliotecas que incluam obras didáticas tanto modernas — como leituras graduadas por nível de fluência — quanto mais antigas, como colóquios renascentistas e edições simplificadas de autores clássicos. Para
tanto, defendemos na conclusão desta tese uma definição de leitura extensiva que conte com a releitura como parte integrante de um hábito dos alunos-leitores; se não opomos a leitura extensiva ao hábito da releitura, aproveitamos bem o tempo disponível em direção à fluência quanto aos registros e usos sintáticos, retóricos e poéticos de um conjunto de autores que passaram a ser emulados e tornados modelo para outros tantos autores ao longo de dois milênios de produção de textos latinos.
