A ANTINEGRITUDE EM O ALEGRE CANTO DA PERDIZ, DE PAULINA CHIZIANE
Nome: MICHELLY CRISTINA ALVES LOPES
Data de publicação: 12/04/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ADELIA MARIA MIGLIEVICH RIBEIRO | Examinador Interno |
ALDIERIS BRAZ AMORIM CAPRINI | Examinador Externo |
LUCIANE DE OLIVEIRA ROCHA | Examinador Externo |
MICHELE FREIRE SCHIFFLER | Coorientador |
NELSON MARTINELLI FILHO | Presidente |
Páginas
Resumo: A autora Paulina Chiziane, primeira mulher negra a publicar romances em Moçambique e primeira africana a ganhar o prêmio Camões (2021), vem se destacando na literatura africana de língua portuguesa, principalmente por tratar de temas considerados tabu em seu país – a saber: feitiçaria, poligamia, questões raciais, estupro, prostituição, colonização, entre outros. Nesta tese, elegemos o romance O alegre canto da perdiz (2008), no qual a autora recolhe histórias narradas por outras mulheres e usa de sua escrevivência como forma de denunciar as mazelas enfrentadas pelo feminino em Moçambique. O objetivo desse estudo é
analisar a vivência das personagens negras da obra que utilizam a antinegritude–conceito cunhado por João Costa Vargas (2017) a partir do Afropessimismo – como mecanismo de resistir à opressão imposta aos seus corpos e mentes pela colonização. Para isso, absorvem os ideais eurocêntricos passando a por em prática uma vivência antinegra, aceitando, desse modo, o espelho narcísico do homem branco com o objetivo de sobreviver dentro dessa sociedade. A antinegritude compreende que a díade negro/não negro é fundamental para a compreensão das relações levadas a termo na vida do povo negro. Neste sentido, o conceito se diferencia do racismo e será o elemento primordial para estudarmos a obra de Chiziane. No que tange à teoria, dentre vários autores, serão basilares os estudos Fantz Fanon (1952), Homi Bhabha (1994), Achille Mbembe (2018), João Costa Vargas (2017; 2020) e Osmundo Pinho (2020); para tratar da história de Moçambique Cabaço (2007) e Mindoso (2017); versando sobre o pós-colonial e Kimberlé Crenshaw (2004) tratando da interseccionalidade. Ao final desse estudo, será possível verificar que ao utilizar a antinegritude como mecanismo para sobreviver e resistir naquela sociedade, a personagem principal falha em todas as instâncias, pois o sistema que tem esse conceito como fundacional não permite a vitória de uma mulher preta. Justamente, porque, como postula Costa Vargas (2017; 2020), o negro representa o não humano, mas ele é necessário para que a humanidade exista como está posta.