O eu e o outro feminino em Hasta no verte Jesús mío, de Elena Poniatowska

Nome: MARIANA MARISE FERNANDES LEITE
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 29/07/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA MIRTIS CASER Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CLÁUDIA HELOISA IMPELLIZIERI LUNA FERREIRA DA SILVA Examinador Externo
MARIA MIRTIS CASER Orientador
MICHELE FREIRE SCHIFFLER Examinador Interno
NELSON MARTINELLI FILHO Suplente Interno
REGINA SIMON DA SILVA Suplente Externo

Páginas

Resumo: Nesta tese analisamos a obra Hasta no Verte Jesús mío, publicada por Elena Poniatowska
em 1969, destacando como a narradora da história, Jesusa Palancares, percebe a si e a
outras mulheres que cruzam o seu caminho no percurso narrado de sua vida. A narração
em primeira pessoa conta a vida de Palancares, uma oaxaquenha, mestiça de classe baixa,
que viveu no México da primeira metade do século XX e experienciou o país sob o
domínio de Porfírio Díaz, a Revolução de 1910 e o México pós- revolucionário e que,
entre os pormenores de sua própria vida, possibilita que o seu leitor construa um retrato
do país da narradora desde um ponto de vista alternativo àquele propagado pela narrativa
oficial do Estado que, como outros países latino-americanos, propagou sob o efeito de
discursos advindos dos grupos que, por um complicado processo histórico de constituição
da nação - estiveram no poder. Realizamos nossa análise, utilizando destacadamente o
feminismo descolonial, visando compreender a mulher em análise como alguém que tem
sua percepção de mundo atravessada não só pela opressão de gênero, mas também pelas
opressões de raça e de classe estabelecidas desde o processo de colonização. Antes disso,
traçamos um percurso de Elena Poniatowska a Jesusa Palancares, situamos nosso corpus,
enquanto literatura escrita por mulheres, na literatura mexicana e detalhamos o que nos
leva a relacionar análise literária e feminismo descolonial. Consideramos que não há um
consenso da crítica sobre a relação que a obra tem com a literatura o que resulta em

diferentes nominalizações – tais como Bildungsroman feminino e novela testimoninal-
que classificam a obra do ponto de vista da análise literária. A partir dessa consideração,

situamos a obra enquanto texto que não estabelece limites claros entre realidade e ficção
e que na verdade acompanha uma enormidade de escritos de seu tempo, para os quais já
não é relevante considerar-se a autonomia da literatura, sendo assim, nos direcionamos
com base em Josefina Ludmer (2012), Pedrosa et al (2018), Florência Garramuño (2012,
e Paloma Vidal (2004, 2006) para compreender o texto enquanto um texto estriado pelo
real e enquanto uma narração de experiência coletiva que contribui para reconstruir a
narrativa oficial de sua nação em seu tempo histórico. Tendo delimitado como
observamos o texto no campo dos estudos literários, traçamos um percurso desde
considerações sobre o papel de gênero na sociedade ocidental e do germe do feminismo,
passando pela reinvidicação de direitos das mulheres, pelo desenvolvimento da discussão
apresentada pelos feminismos periféricos e, por fim, detalhamos as teorizações
apresentadas pelo feminismo descolonial. Tendo feito tal percurso, para o qual utilizamos,
entre outras teóricas feministas, Simone de Beauvoir (2016 [1949]), Carla Cristina Garcia
(2015), Silvia Federici (2018), Kimberlé Crenshaw (2020) Lélia Gonzalez (2020[1988])
e María Lugones (2005, 2014, e 2020 [2008]) é que, contextualizando Jesusa Palancares,
analisamos sua percepção de si e sobre outras mulheres sob o viés descolonial.
Palavras-chave: Hasta no verte Jesús Mío-Elena Poniatowska, Literatura escrita por
mulher, Narração de experiência, Feminismo descolonial.

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