Franz Kafka e Os Caluniados pela Indústria Cultural
Nome: ANDRÉ LUIS DE MACEDO SERRANO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 23/02/2018
Orientador:
Nome | Papel |
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LUÍS EUSTÁQUIO SOARES | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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FABÍOLA SIMÃO PADILHA TREFZGER | Suplente Interno |
LUIS ALBERTO NOGUEIRA ALVES | Examinador Externo |
LUÍS EUSTÁQUIO SOARES | Orientador |
VERA AGUIAR COTRIM | Suplente Externo |
WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO | Examinador Interno |
Resumo: RESUMO
No início do romance O Processo, de Franz Kafka, alguém calunia e detém Josef K. mesmo
que ele não tenha feito mal algum. Frente a essa situação, K. procura saídas dentro de seu
processo, sem conseguir identificar quem seria esse alguém caluniador. No percurso, ele
estabelece contato com outros personagens que são igualmente acusados por um tribunal
inacessível. A calúnia que atinge o protagonista mostra-se como uma acusação contra a
coletividade. Os funcionários do tribunal, que aparecem nos espaços sociais do cotidiano do
trabalho à residência agem por toda parte contra K. e os acusados. Tendo isso em vista,
pretendemos analisar os diálogos entre os acusados e Josef K., na perspectiva de desvendar os
mecanismos de calúnia impessoal do tribunal kafkiano. Observamos que os escritos de Kafka,
que datam das primeiras décadas do século XX, mantém sua atualidade ao perceberem
elementos culturais que permanecem na sociedade capitalista contemporânea. O absurdo
processo de Josef K. oferece uma abertura histórica para pensar os caluniados
contemporâneos, tanto no âmbito do direito penal quanto no âmbito social da dominação de
massas. O esquematismo de uma máquina de calúnias que identificamos como um
fenômeno análogo ao da indústria cultural revela a violência que permeia as instituições do
Estado de direito, e que se oferecem à crítica de sustentarem uma igualdade jurídica formal,
uma ficção da sociedade burguesa. Na luta de classes, o tribunal decide acima da lei, a qual
aparece como forma vazia, insubstancial, sem conteúdo, instrumentalizando essa mesma lei
para decidir o destino das coletividades oprimidas, caluniando K. e os acusados de ontem e
hoje.
Palavras-chave: Franz Kafka. Indústria cultural. Lei. Calúnia.