Da Negação do Nacional ao Nacional Negativo: a Crítica de Machado de Assis (do Oitocentos ao Contemporâneo)
Nome: WOLMYR AIMBERÊ ALCANTARA FILHO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 26/09/2017
Orientador:
Nome | Papel |
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WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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MARÍLIA ROTHIER CARDOSO | Examinador Externo |
PAULO ROBERTO DE SOUZA DUTRA | Suplente Interno |
WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO | Orientador |
Páginas
Resumo: O nacional foi sempre assunto relevante para a crítica machadiana de diversas
épocas. Silvio Romero, José Veríssimo e Araripe Júnior foram os primeiros a se
debruçar sobre o problema. Machado, que não escrevia segundo a tradição
romântica e nacionalista, teve, entre esses pesquisadores, sua brasilidade estudada,
esquadrinhada e, até mesmo, questionada. Havia, no entanto, também, a sensação
de que as representações do país em sua obra seguiam um movimento mais
interior e íntimo, e por isso sutil e difícil de observar. Uma segunda geração de
estudiosos, sob o contexto histórico e cultural do Estado Novo, tornou a tocar no
aspecto nacional. A negritude do escritor, antes assunto proibido, era agora
demonstração de seu valor. Machado teria vencido a despeito de ser negro, diria
Lúcia Miguel-Pereira, que vê nos romances da primeira fase uma tentativa do autor
de representar, de maneira cifrada, essa experiência. Mais recentemente, novos
críticos refletiram sobre o problema do nacional em Machado. Já não mais entendido
como inexistente, o nacional ganha agora o adjetivo de negativo, na leitura de
Roberto Schwarz. Para o crítico, o escritor, livre da necessidade de participar do
período formativo de nossa literatura, podia se dedicar ao trabalho de problematizar,
em romances e contos, nossa condição periférica. Uma virada nas leituras
machadianas pode assim ser observada, a partir do último quartel do século XX,
quando as interpretações que envolvem a história do Brasil e a sociedade parecem
ganhar mais importância que as leituras ditas universalistas. John Gledson, Sidney
Chalhoub e Eduardo de Assis Duarte seriam exemplos de estudiosos que, como
Schwarz, deram consistência a essa nova visada sobre o escritor, que traz para o
palco dos debates termos como negritude, escravidão e classe social. Como
coroamento dessa maneira de ler Machado, estaria a problematização dos
narradores em primeira pessoa dos romances. As lnterpretações que Memórias
póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e Memorial de Aires receberam desses
estudiosos subverteram o modo de ler esses romances e trouxeram discussões que
consideramos relevantes para os dias que correm.
Palavras-chave: Machado de Assis; crítica literária; nacional; história do Brasil