O programa satírico de Pérsio frente à tradição

Nome: MARIHÁ BARBOSA E CASTRO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 30/04/2015
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LENI RIBEIRO LEITE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
FÁBIO FAVERSANI Examinador Externo
LENI RIBEIRO LEITE Orientador
PAULO ROBERTO SODRÉ Examinador Interno

Resumo: A sátira é considerada como um gênero genuinamente romano e se caracteriza pela presença da mistura e da variedade, conforme indica a investigação etimológica do termo satura. Entre os diversos elementos que compõem o gênero, estão (1) críticas aos gêneros elevados e a discussão sobre estilo e dicção; (2) denúncias dos vícios e defesa da virtude e da moralidade; (3) constantes referências à comida e, principalmente, banquetes; (4) valorização da romanidade; (5) apropriação e mescla de diversos discursos e gêneros literários, como o discurso filosófico, representado principalmente pela diatribe, a comédia e a poesia iâmbica. Considera-se que o inventor do gênero tenha sido Caio Lucílio, que viveu durante a república romana e escreveu trinta livros de sátiras, dos quais sobraram apenas cerca de mil e trezentos versos. Foi sucedido por Quinto Horácio Flaco, poeta augustano do círculo de Mecenas, que criticou a sátira luciliana, fundando novos paradigmas para o gênero ao valorizar a elegância, a urbanitas, a amicitia e o estilo conciso, mas claro e prosaico. Aulo Pérsio Flaco é o sucessor de Horácio na tradição satírica e escreveu seis sátiras hexamétricas mais quatorze versos em metro coliambo comumente concebidos como um prólogo. Viveu durante o principado de Nero e critica em seus poemas a literatura que lhe era contemporânea. Seu estilo é condensado, considerado obscuro, e permeado de metáforas, neologismos e vulgarismos. Chamam a atenção, ainda, as frequentes referências aos Sermones de Horácio, e também é possível observar, ainda que em menor grau devido à transmissão fragmentária da obra, alusões a Lucílio. Embora a presença dos Sermones de Horácio seja evidente e intensa na obra de Pérsio, o satirista neroniano se distancia do primeiro ao compor um estilo contra-horaciano, em que a rusticitas se sobrepõe à urbanitas, a obscuridade toma o lugar da clareza e a metáfora se torna uma figura de linguagem mais relevante do que a ironia. Dessa forma, mesmo trazendo profundamente para a sátira a tradição, sobretudo os seus principais eixos temáticos, Pérsio se diferencia de seus antecessores ao construir um novo estilo para a sátira, dando mais relevância ao seu aspecto moral e associando-a de modo estreito ao estoicismo.
Palavras-chave: Pérsio; sátira; tradição; Lucílio; Horácio.

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