O LUGAR DO NEGRO NA FORMAÇÃO NACIONAL NA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Nome: POLIANA BERNABÉ LEORNADELI
Data de publicação: 08/11/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ANA BEATRIZ RODRIGUES GONÇALVES | Examinador Externo |
GUSTAVO HENRIQUE ARAUJO FORDE | Examinador Interno |
LUIZ HENRIQUE SILVA DE OLIVEIRA | Examinador Externo |
MARIA MIRTIS CASER | Examinador Interno |
PAULO ROBERTO DE SOUZA DUTRA | Presidente |
Resumo: Esta pesquisa centraliza-se no estudo de três obras da escritora Carolina Maria de Jesus,
Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), Diário de Bitita (1986) e Casa de
Alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961), nas quais a autora articula sua experiência
afro diaspórica à trajetória da formação nacional. A hipótese deste trabalho é de que a
produção de Carolina reflete a trajetória do povo negro brasileiro, pois sua literatura se
assenta nas fortes contradições sociais nacionais, as quais emergem de sua produção por
meio de uma rede dialógica que se vincula à diáspora africana e à diáspora negro- brasileira.
À vista disso, por meio de suas narrativas, delineia-se o corpo negro que, submetido a um
projeto de poder eurocentrado, transita na espacialidade rural e urbana nacional. Desse
modo, seu texto amplia o entendimento da trajetória desses sujeitos em face às mudanças
socioeconômicas a que o país esteve sujeito após a abolição, demonstrando, nesse ínterim,
como, embora legalmente livres, esses indivíduos continuaram imersos em um sistema
violento de exploração de seu trabalho e de espoliação de sua cultura. Em função disso, é
possível afirmar que a literatura caroliniana fornece um panorama amplo e crítico da
condição dos negros em território nacional, sobretudo, nos primeiros anos do período
republicano. Para tal, a autora articula, metaliterariamente, sua trajetória ao contexto
do capitalismo e às condições trabalhistas do negro na vigência desse novo regime. Esta
pesquisa ainda aponta que essa produção foi importante para o avanço das letras nacionais,
pois provocou rupturas no cânone ao desconstruir as imagens estereotipadas e
discriminatórias acerca do povo negro e de suas culturas, valendo-se de uma estrutura
linguística inovadora e de uma rede dialógica de sentidos. A metodologia de pesquisa
adotada é a bibliográfica, e o procedimento de análise das obras se pauta pelo método
materialista histórico-dialético, como forma de analisar, com mais propriedade, os
desdobramentos da trajetória afro diaspórica nacional, principalmente, em face às
transformações sócio-históricas ocorridas em um contexto de ascensão do capitalismo
como modelo econômico.
Palavras-chave:Carolina Maria de Jesus. Literatura negro-brasileira. Escravidão e
Capitalismo. Racismo e Trabalho.