O encômio paradoxal nas cartas laudatórias de Frontão

Nome: FABRIZIA NICOLI DIAS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/11/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LENI RIBEIRO LEITE Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CHARLENE MARTINS MIOTTI Examinador Externo
JEFFERSON DA SILVA PONTES Suplente Externo
LENI RIBEIRO LEITE Orientador
RAIMUNDO NONATO BARBOSA DE CARVALHO Examinador Interno

Resumo: O encômio paradoxal, variedade de elogio na qual se aplicam as mesmas técnicas epidíticas do repertório retórico comum a matérias pouco enaltecidas tradicionalmente, foi exercido por Marco Cornélio Frontão, um dos únicos autores romanos a se inserir nessa prática laudatória. O orador produziu cartas que costumam ser apresentadas sob os títulos de Elogios da fumaça e da poeira (Laudes fumi et pulveris), os Elogios da negligência (Laudes neglegentiae) e Dos feriados em Álsio 3 (De Feriis Alsiensibus 3), na qual, por sua vez, é possível enxergar uma elevação do sono e, de modo mais geral, do ócio. Por vezes se constata, na fortuna crítica existente sobre a modalidade elogiosa em questão, uma perspectiva segundo a qual as composições lúdicas seriam vazias de sentido, de forma que a noção de jogo retórico acaba por
ser vinculada à de gratuidade. Diante desse cenário, este trabalho propõe discutir as possíveis funções desempenhadas pelo encômio paradoxal na literatura latina a partir do exame do corpus de análise constituído pelas epístolas frontonianas acima discriminadas. Para tanto, abordamse pressupostos contemplados na teoria retórica antiga, sobretudo no que diz respeito às percepções sobre o gênero epidítico (ou demonstrativo), o elogio e, mais especificamente, o louvor paradoxal. Quanto a essas considerações, apresentam-se as de Aristóteles, PseudoAnaxímenes, do anônimo de Retórica a Herênio, Cícero, Quintiliano, Pseudo-Aristides, Menandro de Laodiceia, Élio Teão, Hermógenes, Aftônio, o Sofista, e Nicolau, o Sofista.
Ademais, para discutir o conceito de Segunda Sofística, nos remetemos sobretudo a Flávio Filóstrato, que é considerado quem cunhou essa expressão. Com tais reflexões antigas, intercalamos especialmente os comentários modernos de Pernot (1993), Dandrey (1997; 2015), Bowersock (1969), Anderson (1993) e Goldhill (2009). Como conclusão, do caso de Frontão,
compreendemos que a elevação da experiência retórica é comum às três missivas estudadas, que estas veiculam parte da concepção do retor de acordo com a qual o exercício da eloquência é integrante da vida cívica imperial e que, por fim, o encômio paradoxal, segundo a ótica frontoniana, desfaz a correlação habitualmente realizada entre o caráter lúdico e a frivolidade.

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