O EPOS HISTÓRICO DA FARSÁLIA, DE LUCANO: SULA E MÁRIO COMO EXEMPLA

Nome: THAYRYNNE DE FARIA COUTINHO

Data de publicação: 30/04/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
BRUNNO VINICIUS GONÇALVES VIEIRA Examinador Externo
GILSON CHARLES DOS SANTOS Examinador Externo
LENI RIBEIRO LEITE Presidente

Resumo: A Guerra Civil, ou Farsália, de Lucano, é uma epopeia que narra um evento histórico: o
conflito civil entre César e Pompeu. Como já haviam feito Ênio, nos Anais, e Névio, na
Guerra Púnica, o poeta adequa a matéria histórica, isto é, os feitos em guerra dos generais
romanos, nos versos da epopeia e, ao fazê-lo, se filia à tradição do epos histórico romano. As
fronteiras contemporâneas que distinguem a escrita historiográfica da poética são
historicamente determinadas, o que significa que as características tidas como pertencentes a
determinado campo nem sempre foram lidas como índices intrínsecos desses gêneros. Como
gêneros que se ocupam em registrar os feitos em batalha dos generais ilustres, entendemos
que as produções historiográficas e as epopeias romanas possuem uma relação estreita.
Assim, o presente trabalho se propõe a discutir a maneira como o poeta Lucano compõe o
epos histórico da Farsália por meio de uma tessitura narrativa que incorpora determinados
procedimentos retóricos-discursivos caros ao discurso historiográfico. Visamos, portanto,
discutir poeticamente a obra histórica de Lucano e identificar a presença de procedimentos
recorrentes nas produções de historiadores considerados modelares, como Tito Lívio, Salústio
e Tácito. Entendemos que esses procedimentos operam na Farsália e contribuem para a
criação de uma narrativa que aproxima os versos lucanianos de uma escrita do gênero
histórico. Em prol de aprofundar essa discussão, ancorados no que estabelecem os manuais
retóricos e no que discutem Roller (2018; 2015), Langlands (2018) e Chaplin (2001),
investigamos a maneira pela qual o poeta constrói o relato da Primeira Guerra Civil (88
AEC), contenda cujos agentes principais são Cornélio Sula e Caio Mário, como uma narrativa
exemplar, e como esse relato é incorporado na sua epopeia nos mesmos moldes que os
historiadores ao reportarem-se a um evento passado para estabelecer parâmetro para as
atitudes dos generais Júlio César e Pompeu. Desse modo, verificamos que Lucano vale-se de
técnicas utilizadas por historiadores, principalmente Tito Lívio, para inserir o relato da
Primeira Guerra Civil em sua epopeia.

Acesso ao documento

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910