A autoficção a serviço da estética da miséria em O pavão desiludido, de José Carlos Oliveira
Nome: RODRIGO LEITE CALDEIRA
Data de publicação: 06/12/2024
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
ANDRÉIA PENHA DELMASCHIO | Examinador Externo |
ANDRESSA ZOI NATHANAILIDIS | Examinador Interno |
MÁRCIO MIRANDA ALVES | Examinador Externo |
NELSON MARTINELLI FILHO | Examinador Interno |
VITOR CEI SANTOS | Presidente |
Resumo: Após mais de 50 anos do seu lançamento, O pavão desiludido (1972), romance do capixaba José Carlos Oliveira (1934-1986), “continua sendo um dos maiores segredos da literatura brasileira” (Silva, 2021). A hipótese defendida nesta tese é que a má recepção da obra na década de 1970, sobretudo pelos seus pares, ocorreu em razão do caráter autoficcional avant la lettre do romance, sendo um dos precursores na literatura brasileira ao utilizar a identidade onomástica perfeita entre autor, narrador e protagonista, inclusive cinco anos antes da criação do neologismo autoficção por Doubrovsky (1977). Acreditamos que o rompimento estético provocado pelo livro, que desafiou os pactos de leitura autobiográfico e romanesco vigentes no
horizonte de expectativas dos leitores da época, foi fundamental para o “silêncio aterrador” que relegou a obra a um papel quase ausente na História da Literatura Brasileira do Século XX. A pesquisa é teoricamente alicerçada nos trabalhos sobre autoficção de Klinger (2007), Nascimento (2010) e Faedrich (2022), bem como nas reflexões de Jauss (1994) e Alberca
(2013) sobre “distância estética” e “pacto ambíguo”, fundamentais para a compreensão e recepção atual de obras como O pavão desiludido.