O bõõ pagão: a cavalaria de Palamedes em A demanda do Santo Graal
Nome: THALLES TADEU BRUNELLO ZABAN
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/04/2013
Banca:
Nome | Papel |
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PAULO ROBERTO SODRÉ | Orientador |
MICHEL SLEIMAN | Examinador Externo |
FABÍOLA SIMÃO PADILHA TREFZGER | Examinador Interno |
Resumo: Traduzida presumivelmente para o português no séc. XIII, a partir de um manuscrito francês, hoje perdido, A demanda do Santo Graal aborda a matéria de Bretanha por um viés acentuadamente religioso, e busca, como um exemplum, servir de ferramenta para a configuração de um pretenso código de valores morais cristãos no seio da cavalaria. Nesse sentido, Palamedes merece destaque entre os personagens da novela por ser o único cavaleiro pagão em atividade a ser admirado pelos da corte cristã do rei Artur. Considerando o (pre)domínio da Igreja Católica no que tange às esferas política, cultural e ideológica quando da redação da novela, a exaltação das qualidades morais e marciais de Palamedes, um mouro, ganha especial relevo, na medida em que representa, na estrutura de valoração ambivalente da Demanda em que valores corteses e mundanos contrapõem-se à conduta cristã exemplar , a excelência dos atributos constituintes da Ordem de Cavalaria, à revelia da submissão desta à Igreja. Assim, a cotejar as cavalarias cristã e árabe, a considerar o discurso constituinte das narrativas cavalheirescas da baixa Idade Média e a verificar a representação do oriente mourisco presente no imaginário da península Ibérica, analisa-se a atuação de Palamedes na estrutura da novela, avaliando a orientação dos episódios que compõe sua gesta. Dessa forma, descobre-se um personagem que, em certa medida alheio a conformações étnicas e culturais mas dentro de um universo de expectativas cortês marcado pelo signo da ambiguidade, excele como cavaleiro.