Primeiro como tragédia: o humor crítico-negativo em Esperando Godot, de Samuel Beckett

Nome: FILIPE MARINHO DE OLIVEIRA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 15/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
WILBERTH CLAYTHON FERREIRA SALGUEIRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
FRANCISCO ELIAS SIMÃO MERÇON Suplente Externo
GRACE ALVES DA PAIXAO Suplente Interno
JUNIA CLAUDIA SANTANA DE MATTOS ZAIDAN Examinador Externo
LUCIANA MOLINA QUEIROZ Examinador Externo
ROBSON LOUREIRO Examinador Interno

Páginas

Resumo: O estudo se dirige ao tema do humor crítico-negativo e desenvolve uma análise que relaciona a peça Esperando Godot, de Samuel Beckett, e os escritos sobre estética, literatura e crítica à racionalidade iluminista de Theodor W. Adorno. Alicerçados na compreensão da estética como uma dimensão cuja determinação social não é imediata, indagamos sobre as contribuições que esta peça pode oferecer à discussão sobre a dimensão estética do pensamento crítico-negativo, tal como concebida por Adorno e Horkheimer. Encontramos no método dialético e na Teoria estética de Theodor Adorno fundamentos para análises que nos permitem afirmar que o humor na peça de Beckett revela aspectos imprescindíveis para uma compreensão acerca da dimensão estética do pensamento crítico-negativo. O nada a fazer da comicidade profundamente trágica em Vladimir e Estragon não esgota o enigma constitutivo da narrativa ao se ver classificado como tragicomédia, mas tem em sua singularidade aspectos capazes de aprofundar a discussão sobre a dimensão estética do humor. Ao mesmo tempo, na obra beckettiana as contradições do desenvolvimento da sociedade moderna depois de Auschwitz chamam a atenção para a incompatibilidade de um modelo de racionalidade iluminista nos novos tempos. Por essa razão, os clowns beckettianos repetem à exaustão um mesmo ato: eles partem de um mundo cuja ordem dominante é a do caos, onde não mais se encontra, na metafísica, qualquer sentido positivo; mas para evitarem reconhecer na catástrofe de seu vagar desmesurado o fracasso do projeto iluminista, Vladimir e Estragon aguardam por uma reconciliação com esse ideal humanista sob a figura de Godot. Apesar da crítica a uma racionalidade iluminista, é chamativa na peça a orientação a uma possibilidade de continuação da filosofia, como um esforço para dizer o que não conseguimos falar. Isso se deve à potência do pensamento crítico-negativo propiciada pela ideia de uma razão não-identificadora – potencial que se ressalta no humor crítico-negativo de Esperando Godot.

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