A recepção do epos vergiliano na poesia épica de Basílio da Gama: da neolatina Brasilienses Aurifodinae à vernácula O Uraguay
Nome: DREYKON FERNANDES NASCIMENTO
Data de publicação: 06/05/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ADRIANA VAZQUEZ | Examinador Externo |
MARCELO LACHAT | Examinador Externo |
LENI RIBEIRO LEITE | Presidente |
Resumo: O presente trabalho propõe investigar a recepção do epos vergiliano, composto pelos corpora das Bucólicas, das Geórgicas e da Eneida, em dois poemas épicos do poeta luso-brasileiro Basílio da Gama: nas Brasilienses Aurifodinae ou Minas de ouro brasileiras, épica de espécie didática, circulada exclusivamente em manuscrito, e composta toda em latim por volta de 1760-1762; e em O Uraguay, épica de espécie heróica, composta no vernáculo português e impressa em 1769. Dessa forma, nosso trabalho concentra-se, particularmente, no estabelecimento de uma unidade triádica para o gênero épico, estruturado em três espécies, sintetizadas pelos três poemas vergilianos: espécie lírica pelas Bucólicas; espécie didática pelas Geórgicas; e espécie heróica pela Eneida. Cumprindo com as espécies didática e heróica em suas Minas de ouro brasileiras e em O Uraguay, Basílio da Gama privilegia o modelo de imitação e emulação vergiliano nos lugares de invenção, disposição e elocução de seus poemas, contrariando a crítica romântica, que supõe ter sido o poeta luso-brasileiro contraventor das fórmulas clássicas previstas até fins do século XVIII. Para tal, reconstituímos sistemas de codificação e decodificação verossímeis às práticas letradas analisadas, baseados em artes retóricas e poéticas da Antiguidade greco-latina, atualizadas político-teologicamente durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a fim de contornar certos evitáveis anacronismos, priorizando uma espécie de homologia de primeira legibilidade dos textos tratados em nosso estudo.