Ancestralidade, panafricanismo e afrobrasilidade II

Resumo: O presente projeto tem por objetivo ler criticamente as configurações da ancestralidade, da africanidade e da afrobrasilidade em narrativas de autores brasileiros e africanos, procurando depreender em que medida os escritores sinalizam a presença de elementos estruturais referentes à construção dos ancestrais no espaço ficcional e suas variadas figurações. As perguntas básicas que irão nortear os pressupostos teóricos do estudo têm como referenciais perceber em que medida a estética ancestral contribui significativamente para a construção narratológica? Como identificar as marcas ancestrais por meio de um discurso pautado na recuperação das experiências empíricas? Qual o papel da tradição oral no resgate do ancestre? Como podemos depreender o papel do personagem ancestral? Quais os objetivos de entender as narrativas da ancestralidade? Qual a importância das marcas ancestrais na construção discursiva dos autores brasileiros e africanos que contribuiram na formação da nação? E porque o cumprimento dos rituais concernentes à tradição bantu é tão importante? Por que os escritores escolhidos valorizam tanto as características ancestrais em suas obras? A encenação do ancestre é sempre diversificada nas narrativas? Em que medida a afrobrasilidade resgata uma filosifia de origem africana que reforça as relações sociais, filosóficas e culturais do Brasil com a África desde os primórdios do contato forçado entre os povos locais das terras brasilis e os africanos escravizados. Dessa forma, procuraremos responder ao longo das análises a essas e outras perguntas através das marcas depreendidas gradativamente no decorrer das leituras, já que os enunciados em questão apresentam: conceitos filosóficos africanos, elaboração de rituais, materialização do ancestral, os efeitos positivos e os efeitos negativos decorrentes de trabalhos específicos que não foram realizados em determinados momentos das narratologias para estabelecer o equilíbrio perdido.

Pretendemos produzir cinco livros com as seguintes temáticas: livro (1) de conceitos básicos acerca da afrobrasilidade, africanidade, panafricanismo e outros conceitos que abordem a temática da pesquisa, livro (2) para a formação para a literatura e cultura da afrobrasilidade, livro (3) sobre direitos humanos e políticas educativas para a população negra, livro (4) sobre temas relevantes da história da população negra no Brasil, livro (5) sobre as temáticas territórios, territorialidade e identidade da população negra nas práticas escolares com o intuito de atender a aplicabilidade da Lei 10639/2003 no Espírito Santo e nos demais estados brasileiros.
O suporte teórico para fundamentar essa pesquisa será buscado nos estudos sobre a memória, sobre oralidade, na Teoria da Literatura (em particular, nos Estudos Narrativos), na Sociologia, na História, na Antropologia e na Filosofia com o intuito de estabelecermos um suporte teórico inovador na elaboração do livro sobre conceitos pan-africano e afrobrasileiro. Os conceitos estabelecidos serão usados em todos os livros da série que pretendemos produzir. O suporte literário selecionado é: O alegre canto da perdiz (2010), Ventos do apocalipse (1999), ambos de Paulina Chiziane; A última tragédia (2006), de Abdulai Sila; Orgia dos loucos (2008), de Ungulani Ba Ka Khosa; Terra sonâmbula (1993), Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2003), ambos de Mia Couto; O regresso do morto (1989), Amor de baobá (1998), ambos de Suleiman Cassamo; Noites de vigilia (2013), de Boaventura Cardoso; Quarto de despejo (1960), Diário de Bitita (1982), ambos de Carolina Maria de Jesus, Betina (2009), de Nilma Lino Gomes e Bucala (2015) de Davi Nunes. Nesse estudo, buscaremos depreender as marcas da ancestralidade, do panafricanismo e da afrobrasilidade em um discurso literário performático que valoriza uma linguagem de cunho oral. Espera-se ao final da pesquisa produzir um material que sirva de suporte teórico referencial para professores, alunos e pesquisadores em geral. O ensino da afrobrasilidade e da africanidade nos dois segmentos educacionais (formação básica e superior) tornou-se obrigatório no ensino brasileiro a partir da lei 10.639 sancionada em 2003. Diante disso, no decorrer da pesquisa faremos também a parte prática da proposta que é ministrar cursos e/ou oficinas para professores da Rede Pública de Vitória, São Matheus, Conceição da Barra, Fortaleza e Redenção territórios selecionados devido à relação dos pesquisadores aqui envolvidos.

Data de início: 19/05/2020
Prazo (meses): 24

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