Literatura em Libras e Educação Literária de Surdos: um Estudo da Coleção "educação de Surdos" e de Vídeos Literários em Libras Compartilhados na Internet.

Nome: ARLENE BATISTA DA SILVA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 07/07/2015
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA AMÉLIA DALVI SALGUEIRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA KLAUCK Examinador Externo
JORGE LUIZ DO NASCIMENTO Examinador Interno
LUCYENNE MATOS DA COSTA VIEIRA-MACHADO Examinador Interno
MARIA AMÉLIA DALVI SALGUEIRO Orientador
RITA JOVER FALEIROS Examinador Externo

Resumo: O trabalho integra um conjunto de pesquisas acadêmicas desenvolvidas com o foco dos Estudos Literários, na linha de pesquisa Literatura e Expressões da Alteridade (LA) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), particularmente no grupo de pesquisa "Literatura e Educação". Caracteriza-se como uma pesquisa documental, cuja principal fonte são registros audiovisuais.Tem como objetivo central investigar as representações de leitor, leitura e literatura que se delineiam a partir de obras literárias em línguas de sinais da contemporaneidade que circulam no contexto da educação escolar de sujeitos surdos inseridos no Ensino Fundamental, baseados nos pressupostos teórico-metodológicos da História Cultural, a partir do pensamento de Roger Chartier. Partindo do princípio de que a leitura literária, os objetos culturais e a formação do leitor são práticas culturais criadas pelo ser humano, marcadas e transformadas pela sociedade ao longo da história, toma como corpus de trabalho os DVDs da coleção "Educação de Surdos", produzidos pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) em 2003 e distribuído pelo MEC às escolas de todo o País, em cotejo com os vídeos de produções literárias em Libras, postadas no YouTube de maneira não institucionalizada. Na análise de uma primeira parte do corpus (os DVDs), constatou-se que estes são construídos sob a ótica do surdo como sujeito bilíngue, a fim de atender a interesses da Política de Educação Inclusiva do país, apresentar um novo modelo, a norma bilíngue, a ser incorporada pela comunidade escolar. Somados a isso, lançam mão da literatura com fins pedagógicos e propõem atividades aos surdos calcadas em práticas tradicionais de ensino de literatura, tais como: conhecer os gêneros literários (lírico, épico/narrativo e dramático) e estabelecer comparações entre as línguas e, assim, não propiciam o debate nem sobre discussões em torno do conteúdo temático e estético, nem sobre a criação literária do surdo (como autor, intérprete/tradutor ou leitor), de modo a refletir sobre seu lugar no mundo. Soma-se a isso o fato de que o material constitui-se num tipo de formação à distância para direcionar o trabalho do professor e, sobretudo, capacitá-lo a aprimorar seus conhecimentos em língua e literatura de sinais. Nos vídeos do YouTube, constatou-se uma produção com materialidades distintas, em que a literatura é apresentada como vivência subjetiva e comunitária, como criação e manifestação identitária; o leitor como sujeito crítico, ativo e fluente em Libras para acessar os sentidos do texto, e a leitura literária como atividade que exige o engajamento, a interação do leitor com o texto para produzir sentidos. No entanto, verificamos que em ambas as classes de produções culturais, o contexto de circulação e apropriação e os suportes que lhes dão materialidades são dimensões essenciais para as diferentes representações e práticas de leitura dessas obras, que podem rasurar os protocolos de leitura inscritos nos objetos. Portanto, concluímos que tanto os DVDs quanto os vídeos do YouTube são objetos ambivalentes que podem servir aos interesses da política inclusiva escolar, inculcando a norma "bilíngue" e uma leitura literária com objetivos pedagógicos que todos devem incorporar, mas também permitem escapar a essas coerções pela via da leitura com o foco na literatura como manifestação das memórias e da experiência visual próprias da comunidade surda.
Palavras chave: Leitor. Educação Bilíngue. Literatura. Língua de sinais

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