QVID ENIM SUM? o Lugar do Exilado na Epistolografia Ciceroniana

Nome: ALESSANDRO CARVALHO DA SILVA OLIVEIRA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 31/07/2019
Orientador:

Nomeordem crescente Papel
LENI RIBEIRO LEITE Orientador

Banca:

Nomeordem crescente Papel
RAIMUNDO NONATO BARBOSA DE CARVALHO Suplente Interno
LENI RIBEIRO LEITE Orientador
GILSON CHARLES DOS SANTOS Examinador Externo
FÁBIO DA SILVA FORTES Suplente Externo
BELCHIOR MONTEIRO LIMA NETO Examinador Interno

Resumo: Propomo-nos a analisar o modo pelo qual Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.) apropriou-se de sua condição de exilado para estabelecer estratégias discursivas nas trinta e quatro epístolas que escreveu enquanto estava fora da República Romana. Essas estratégias criavam a ideia de filiação de Cícero com uma determinada identidade aristocrática. No exílio, seu estatuto enquanto membro de uma elite estava em xeque, uma vez que ele estava impedido de ocupar um espaço privilegiado o qual antes habitava. Prevendo uma possível ameaça contra ele, Cícero saiu de Roma e buscou formas de participar do jogo político para restaurar tanto sua posição social quanto os bens que lhe tinham sido tirados por conta das leis aprovadas, o que ele consegue fazer após seu retorno à Vrbs em 57. Esses conflitos políticos são o tema de nosso primeiro capítulo, em que identificamos os grupos envolvidos no evento e destrinchamos as
ações tomadas por eles. No entanto, para a efetivação da análise, é necessário ir além de uma contextualização histórica e apresentar devidamente os conceitos teórico-metodológicos adequados ao tema, o que fizemos no segundo capítulo. Neste, evidenciamos o caráter voluntário dos mecanismos de exílio em Roma e como isso influenciava na manutenção do ideal de Concordia, pois propunha uma maneira menos violenta de lidar com crimes. Todavia, o fato de ser considerado criminoso por si só já poderia acarretar problemas para um membro
de uma elite estabelecida por meio do ethos, ou seja, da imagem construída no discurso. Consideramos o exílio um evento resultado da dissonância entre o ethos daquele que o sofre e aquele esperado pela aristocracia local de onde o indivíduo é banido, o que nos leva a pensar na escrita de Cícero condicionada pelo seu banimento, elemento fundamental para a análise. Seguindo os preceitos da Análise do Discurso, que aponta que todo texto é determinado pelas
suas condições de produção, usamos o conceito de paratopia (MAINGUENEAU, 1983), uma para refletir acerca da situação de não pertencimento de Cícero; e o conceito de identidade (WOODWARD, 2000) nos auxilia a demarcar os modos por que Cícero representou seus aliados e inimigos, para observar como ele se associa e desassocia de determinadas construções identitárias. Essas observações ficaram mais evidentes no terceiro capítulo, no qual analisamos
os textos, carta a carta. Por fim, percebemos que uma de suas principais estratégias persuasivas foi a utilização do pathos para legitimar seu estatuto social e deslegitimar a decisão de exilá-lo.

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